quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

“Jesus lhe disse: ‘Dá-me de beber!’ ” (Jo 4,7)


Jesus deixa a região da Judeia e vai para a Galileia, cruzando a Samaria. Pelo meio-dia, sob o sol, cansado da caminhada, senta-se junto ao poço que o patriarca Jacó tinha cavado 1.700 anos antes. Tem sede, mas não tem um balde para pegar água. O poço é profundo, 35 metros, como se pode ver ainda hoje em dia.
Os discípulos vão até a cidade, comprar comida. Jesus fica só. Chega uma mulher com uma jarra e Ele, com simplicidade, pede-lhe de beber, contra os costumes do tempo: um homem não fala diretamente com uma mulher, sobretudo se desconhecida. Além disso, entre judeus e samaritanos há divisões e preconceitos religiosos: Jesus é judeu e a mulher é samaritana. A desavença, e até o ódio, entre os dois povos tem raízes profundas, de origem histórica, política. E existe ainda outra barreira entre Ele e ela, de tipo moral: ela teve vários maridos e vive em situação irregular. Talvez seja por isso que ela não vem pegar água com as outras mulheres pela manhã ou ao anoitecer, mas nessa hora incomum do meio-dia: é para evitar os comentários delas.
Jesus não se deixa condicionar por nenhum tipo de barreira e abre o diálogo com a estrangeira. Quer entrar em seu coração e lhe pede:

“Dá-me de beber”

Ele tem um presente para ela, o dom de uma água viva. “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba quem crê em mim”, vamos ouvi-lo exclamar mais tarde no templo de Jerusalém (7,37). A água é essencial para qualquer tipo de vida e se mostra ainda mais preciosa em ambientes áridos como a Palestina. A água que Jesus quer doar é uma água “viva”, simbolizando a revelação de um Deus que é Pai e é amor, o Espírito Santo, a vida divina que Ele veio trazer. Tudo o que Ele doa é vivo e está em função da vida: Ele mesmo é o pão “vivo” (cf. 6,51ss.), é a Palavra que dá vida (cf. 5,25), é simplesmente a Vida (cf. 11,25-26). Na cruz, quando um dos soldados o feriu com a lança, “imediatamente saiu sangue e água”, como testemunhou João (19,34): é o dom extremo e total de si.
Contudo Jesus não impõe. Nem mesmo recrimina a samaritana pela sua convivência irregular. Ele, que pode dar tudo, agora pede, porque realmente precisa da ajuda dela:

“Dá-me de beber”

Ele pede porque está cansado, tem sede. Ele, o Senhor da vida, se torna um pedinte, sem esconder a sua real humanidade. Pede, também porque sabe que, se ela doar, poderá se abrir mais facilmente, e por sua vez estará pronta para acolher.
Esse pedido dá início a um diálogo feito de argumentações, mal-entendidos, aprofundamentos; e no final Jesus lhe pode revelar sua própria identidade. O diálogo fez desmoronar as barreiras de defesa e levou à descoberta da verdade, da água que Ele veio trazer. A mulher deixa o que tinha ali de mais precioso, a sua jarra, porque encontrou uma riqueza bem maior, e corre até a cidade para começar um diálogo com os vizinhos. Também ela não impõe, mas conta o que aconteceu, comunica a própria experiência e se questiona sobre a identidade da pessoa encontrada, que lhe pediu:

“Dá-me de beber”

Nesta página do Evangelho podemos colher um ensinamento para o diálogo ecumênico [...]. Ela nos torna conscientes da divisão escandalosa entre as Igrejas que persiste por tempo demais e nos convida a acelerar os tempos para uma comunhão profunda capaz de superar todo tipo de barreira, assim como Jesus superou as fraturas entre judeus e samaritanos.
[...] As barreiras que muitas vezes nos dividem podem ser de tipo social, político, religioso, ou simplesmente frutos da diversidade de costumes culturais que não sabemos aceitar. Elas desencadeiam conflitos entre nações e etnias, mas também hostilidades no nosso bairro. Não poderíamos, como Jesus, abrir-nos ao outro, superando diversidades e preconceitos? Por que não escutar quem nos pede compreensão, ajuda, um pouco de atenção, mesmo que esse pedido não seja bem formulado? Também no adversário ou pessoa de outro grupo cultural, religioso, social, se esconde um Jesus que se dirige a nós e nos pede:

“Dá-me de beber”

É espontâneo recordar outra frase semelhante de Jesus, pronunciada na cruz, também testemunhada pelo Evangelho de João: “Tenho sede” (19,28). [...] Em cada pessoa necessitada, desempregada, solitária, estrangeira, mesmo que seja de outro credo ou convicção, mesmo que seja hostil, podemos reconhecer Jesus a nos dizer: “Tenho sede” e a nos pedir: “Dá-me de beber”. Basta oferecer um copo d’água, diz o Evangelho, para receber a recompensa (cf. Mt 10,42), para iniciar o diálogo que recompõe a fraternidade.
Também nós podemos exprimir as nossas necessidades, sem nos envergonharmos por “ter sede” e pedir: “Dá-me de beber”. Assim poderá começar um diálogo sincero e uma comunhão concreta, sem medo da diversidade, do risco de partilhar o nosso pensamento e de acolher o do outro. [...].


Fabio Ciardi

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Veni, Creator Spiritus


É um hino da Igreja Católica, em honra ao Espírito Santo. Desde que foi composto, no século IX, esse texto litúrgico nunca deixou de ser ressoado na Igreja em momentos importantes, sobretudo, na Festa de Pentecostes.

Foi com essa oração solene, que o Papa Leão XIII consagrou o século XX à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, mesmo século em que surgiu a Renovação Carismática Católica.

Essa oração também foi feita pelos jovens, que viveram a experiência de um Novo Pentecostes em suas vidas, durante o fim de semana de fevereiro de 1967, na Universidade de Duquesne, marco inicial da existência de nosso Movimento.

Como podemos constatar, trata-se de um canto de grande significado para a RCC.

Abaixo, transcrevemos a oração em português, convidando a todos que façam dela um clamor diário:

Veni Creator Spiritus! Vem, Espírito Criador!

Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai 
e enchei os corações com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai, 
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor, 
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli, e concedei-nos a vossa paz, 
se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador, por vós possamos conhecer 
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.

Amém!

Extraído de: http://www.rccbrasil.org.br/noticia.php?noticia=111

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Gabriela Carvalho


Gabriela Carvalho é uma jovem de Brasília. Cresceu numa família católica, começou a cantar ainda pequena e logo se engajou na Igreja, num coral infantil que cantava na missa das crianças.

Aos 15 anos, viveu a primeira experiência com Jesus através da efusão do Espírito Santo e começou sua caminhada como serva na Renovação Carismática Católica de Brasília.

Impulsionada por um desejo crescente de se entregar ainda mais à Deus e à sua Igreja, iniciou sua busca vocacional e encontrou no carisma da Fraternidade de aliança Toca de Assis um lugar de crescimento humano e espiritual. Para um maior discernimento da vontade de Deus, ingressou na Toca de Assis, onde viveu por 3 anos. Foi um tempo de intensa formação e, como diz a própria cantora: “Deus me guardou, me alimentou com seu corpo e sangue e me ensinou a ser pobre com os pobres moradores de rua.” (Gabriela Carvalho).

Em conformidade com as irmãs suas superioras e em profunda oração, discerniu que não era a vida religiosa a sua verdadeira vocação. Estava aberta a escutar e obedecer aos novos rumos que Deus estava dando à sua vida a partir daquela decisão.

De volta à Brasília, depois de morar em missão por vários estados do país, a jovem não abandonou o mesmo ardor missionário e continuou o seu ministério de música. Enquanto esteve na Toca de Assis recebeu especial incentivo para que seu dom musical crescesse e desse bons frutos. Participou de duas edições do TOCÃO (2007/2008) na Canção nova, em Cachoeira Paulista – SP, e ainda hoje participa de shows em prol da Toca de Assis. O TOCAFEST, que já aconteceu em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba e tem na agenda apresentações por mais estados pelo Brasil.

Foi participando do ministério do cantor Paulinho Sá, um grande amigo e incentivador na missão, que a cantora serviu durante os últimos três anos na paróquia de São Pedro, DF. Gabriela é uma amiga da Comunidade Canção Nova, cantando nas Missas do Clube da Evangelização, aprofundamentos e retiros da comunidade local. Também participou da programação da TV e Rádio Canção Nova. Gravou em parceria com outros cantores de Brasília, a música tema do Bote Fé Brasília (2012), e participou do BOTE FÈ Brasilia realizado na Esplanada dos ministérios. Também participou do cd “Deus me Constrói” do cantor Paulinho Sá, com música “Tú és o Centro”.

Em 2013, esteve no Hallel de Franca/SP, 1º Hallel de São Carlos/SP e também participou da Jornada Mundial da Juventude, onde cantou no Palco do Hallel e juntamente com a Fraternidade Toca de Assis, participou do Musical “A missa da Minha vida” apresentado no Rio de Janeiro e nas Pré-Jornadas de Campinas e São Paulo.

Aos 26 anos, após o seu casamento com o também músico, compositor e produtor musical Rafael Feitosa, em 2013 lançou seu primeiro cd. Intitulado "Defendei-nos no Combate" o mesmo traz canções orantes e joviais. Tem como música tema e que dá nome ao cd, uma música em honra a São Miguel Arcanjo. Este CD, que recebeu 6 indicações no troféu louvemos o Senhor de 2014, entre elas, Melhor Interprete Feminino, Melhor Cantora Solo, Melhor Álbum Pop e Artista Revelação.


domingo, 16 de novembro de 2014

Em ti está a fonte da vida

Esta Palavra da Escritura diz-nos uma coisa tão importante e vital, que se pode tornar um instrumento de reconciliação e de comunhão.

Antes de mais nada, diz-nos que a única fonte da vida é Deus. D’Ele, do seu amor criativo, nasceu o universo, que Ele deu ao Homem como casa.

É Ele que nos dá a vida com todos os seus bens. O salmista, que conhece a aspereza e a aridez dos desertos – e que sabe o que significa uma fonte de água, e a vida que floresce à sua volta –, não podia encontrar uma imagem mais bonita para cantar a Criação, que nasce, como um rio, do seio de Deus.

E, do nosso coração, nasce um hino de louvor e de agradecimento. Este é o primeiro passo a dar, o primeiro ensinamento a captar das palavras do Salmo: louvar e agradecer a Deus pela Sua obra, pelas maravilhas do cosmos e pela vida do Homem, que é a Sua glória e a única criatura que sabe dizer-lhe: 

«Em ti está a fonte da vida». 

Mas o amor do Pai não se limitou só em pronunciar a Palavra, com a qual tudo foi criado. Ele quis que a Sua própria Palavra assumisse a nossa carne. Deus, o único verdadeiro Deus, fez-se homem em Jesus e trouxe à Terra a fonte da vida.

A fonte de todos os bens, de todos os seres e de todas as felicidades veio estabelecer-se entre nós, para que a tivéssemos – por assim dizer – ao nosso alcance. «Eu vim – diz Jesus – para que tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10, 10). Ele preencheu, com a Sua presença, todo o tempo e espaço da nossa existência. E quis permanecer connosco para sempre, de modo a podermos reconhecê-Lo e amar sob as mais variadas aparências.

Às vezes, surge-nos o pensamento: «Como seria maravilhoso viver na época de Jesus!». Pois bem, o seu amor inventou um modo de ficar, não num pequeno cantinho da Palestina, mas em todos os pontos da Terra: Ele está presente na Eucaristia, segundo a sua promessa. E todos nos podemos aproximar dela para nos nutrirmos e para renovarmos a nossa vida. 

«Em ti está a fonte da vida». 

Uma outra fonte de onde podemos ir buscar a água viva da presença de Deus é o irmão, todas as pessoas. Se amarmos o próximo que passa ao nosso lado – sobretudo se for necessitado –, não o devemos considerar como nosso beneficiado, mas como nosso benfeitor, porque nos dá Deus. Com efeito, se é a Jesus – presente nos nossos irmãos – que nós amamos [«Tive fome (...), tive sede (...), era peregrino (...), estive na prisão (...)] (cf. Mt 25, 31-40), recebemos em troca o Seu amor, a Sua vida, de que Ele é a fonte. 

Também a presença de Deus dentro de nós é uma fonte rica de água. Ele fala connosco constantemente e cabe a nós ouvir a sua voz, que é a voz da consciência. Quanto mais nos esforçarmos por amar a Deus e ao próximo, mais forte se torna a Sua voz no nosso íntimo e domina todas as outras. Mas existe um momento privilegiado em que, como em nenhum outro, podemos sentir a Sua presença dentro de nós: é quando rezamos e procuramos aprofundar a relação direta com Ele, que habita no fundo da nossa alma. É como um veio de água profunda que nunca seca, que está sempre à nossa disposição e que nos pode matar a sede em todos os momentos. Basta fecharmos por momentos as “persianas” da alma e recolhermo-nos, para encontrar esta fonte, até no meio do mais árido deserto. E podemos chegar àquela união com Ele na qual sentimos que já não estamos sozinhos, mas somos dois: Ele em mim e eu n’Ele. E, no entanto, somos – por uma dádiva Sua – uma coisa só, como a água e a fonte, a flor e a sua semente. 

(…) A Palavra do Salmo recorda-nos, então, que Deus é a única fonte da vida e, portanto, da comunhão plena, da paz e da alegria. Quanto mais nos aproximarmos desta fonte, quanto mais vivermos daquela água viva que é a Sua Palavra, mais nos aproximamos uns dos outros e mais vivemos como irmãos e irmãs. Então verificar-se-á, como continua o Salmo: «Tu és o Sol que nos ilumina», aquele Sol que a humanidade anseia.